Chamam-me
agora aí
Cigarra
morta,
E
não podia haver melhor definição,
Porque
caí estonteada à porta
Do
castelo em ruínas,
Do
desencanto e da desilusão!...
Minhas
futilidades pequeninas...
Meus
grandes desenganos...
Eu
mesma inda não sei
Se é
ventura morrer na flor dos anos...
Sei
apenas que choro
O
tempo que perdi,
Cantando
em demasia a carne inutilmente;
E
vivo aqui, somente,
De
quanto idealizei
De
belo, de perfeito, grande e santo,
Que
inda hei de realizar
Com
a rima do meu verso e a gota do meu pranto.
Dá-me
força, Senhor,
Para
concretizar meu anseio de amor:
Evita-me
a saudade
Da
minha improdutiva mocidade!
Eu
não quero sentir,
Como
cigarra que era,
A falta
das canículas doiradas
Sob
a luz de ridente primavera.
Já
que tombei cansada de cantar,
Calando
amargamente,
Perdoa,
Deus de Amor, o meu pecado:
Que
eu olvide a cigarra do passado,
Para
ser uma abelha previdente.
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Livro:
Parnaso de Além-Túmulo
Médium:
Francisco Cândido Xavier
Autor
Espiritual: Espíritos Diversos
Ano:
1932